Vou mostrar como é que no sertão
O vaqueiro de lá pega um garrote
No baixio, no vale ou no serrote
Sobre a sela do seu bom alazão
O chapéu a perneira e o gibão
Não é para enfeitar o pessoal
Serve para livrar de ponta de pau
Do espinho, da jurema e do cardeiro
No solado da bota do vaqueiro
Tem o cheiro da lama do curral
Ei, ei vaqueiro! Ei, ei vaqueirão
Você é cabra macho, você é do sertão!
O vaqueiro de lá é diferente
Ele só não derruba em vaquejada
Sua mão é deveras calejada
E a pele é queimada do Sol quente
A bebida que toma é aguardente
A coalhada é o seu prato principal
Sua pista o fechado matagal
E a faixa é um tronco de pereiro
No solado da bota do vaqueiro
Tem o cheiro da lama do curral
Ei, ei vaqueiro! Ei, ei vaqueirão
Você é cabra macho, você é do sertão!
Ele sabe entrar na copoeira
Faz um parto no mato sem ter erro
Salva a vida da vaca e do bezerro
Com as coisas que levou da algibeira
Acha água na gruta da pedreira
Se não tem morde uma casca de pau
Ainda sai aboiando no final
E vai levar a notícia ao fazendeiro
No solado da bota do vaqueiro
Tem o cheiro da lama do curral
Ei, ei vaqueiro! Ei, ei vaqueirão
Você é cabra macho, você é do sertão!
Não foi falta de assunto minha gente
Que me fez cantar sobe esse tema
Hoje eu vivo na serra da Borborema
Mas criei no sertão no Sol quente
Sou poeta, sou vaqueiro, sou valente
E por isto que tenho todo aval
De falar do vaqueiro original
Que é orgulho do Nordeste brasileiro
No solado da bota do vaqueiro
Tem o cheiro da lama do curral
Ei, ei vaqueiro! Ei, ei vaqueirão
Você é cabra macho, você é do sertão!