Eu que cresci neste país plantado a beira mar
Sou mais um filho de raiz combati salazar
Fui preso e acusado do meu estado maltratar
Por procurar razão onde ela nunca quis morar
Agarrado a convicção que a educação me deu
Vivo de uma pensão de quem não me reconheceu
Agora aqui estou eu sem o amparo do estado
Com filho e neto aqui no meu canto desempregado
Gostava de poder dizer que eras bem vindo a minha rua
Mas não é minha a rua já não é minha a rua
Gostava de poder dizer bem vindo à minha casa
Mas não é minha a casa já não é minha a casa
Sejam bem vindos ao reduto deste canto
Em nome do pai do filho e de quem me roubou no banco
Vinda inteira de formiga
E qual é o meu espanto de regresso ao meu país
E a cigarra deixou me em branco
Vale o pouco que ofereci, de dias que não poupei
De momentos que vivi ainda bem que o gastei
E agora estou aqui, até aqui aguentei
Como é a partir daqui? sei que agora já não sei
Gostava de poder dizer que eras bem vindo a minha rua
Mas não é minha a rua já não é minha a rua
Gostava de poder dizer bem vindo à minha casa
Mas não é minha a casa já não é minha a casa
Eu sou da terra onde se atira a pedra
E se esconde a mão
O interesse sobrepõem-se ao poder de decisão
Cultura e ignorância vivem em plena união
Quando o povo decide é só dar um empurrão
A anestesia cometida do não saber
Não sei o que me ataca, não sei do que defender
Não sei como atingir bem o meu ponto sem retorno
Agora tenho um cão que posso dizer que sou dono
Gostava de poder dizer que eras bem vindo a minha rua
Mas não é minha a rua já não é minha a rua
Gostava de poder dizer bem vindo à minha casa
Mas não é minha a casa á não é minha a casa