Ah, vida sacana
Não sei mais o que faça
Para alterar a minha desgraça
Peço conselho a este copo de vermelho, deixo
O pensamento vaguear minha cabeça
Se espero alguma coisa
É que pior não aconteça, sou
Sacana errante da estirpe não triunfante
Não soube o que é champagne
Só lhe conheço espumante
Ouvi falar no sitio d'onde crescia o dinheiro
E saí à procura de plantar
Lá o meu cateiro, cheio
Tudo o que a vida me deixou ter p'la frente
Sobre o medo do pingo doce
E promoções do continente
Aceito a minha derrota
Mas não me dou por contente
Tivesse mais uma vida, não seria tão inocente
Já perdi a minha honra
O meu orgulho, a minha vaidade
Enche outra vez o copo
Que é para cortar a ansiedade
No meio de tanta gente
Que não tem suficiente
Ando a passos de coelho
Vivo num perigo iminente
Já gastei tudo, e ninguém me deu cavaco
Sentei-me numa mesa que o corpi é muito fraco
Acabou por sair caro
E eu pensei que era barato
Agora ainda pago para ver
Se eu deixo ficar, e como
E como embala
Quem não quer estar a dormir, e
E manda embora a quem não quer daqui partir
Nunca nos ensinaram as contas de dividir
Sonhamos em somar, vivemos a subtrair
Foi bem mais fácil pôr um cravo pelo cano
Assaltar casas e deixar cair o plano, e
Agora é tarde, agora já não tem jeito
Já consumimos tudo
O orgulho crescia ao peito
Contas e cartões, bancas e ladrões
O papa vem cá ganhar o euromilhões
Estado de direito
Para quem tem guita para o ter
Bota lá mais um copo
Que este eu fico-te a dever, bwoy