O inverno, noite escura e de garoa
Pelas ruas desertas da cidade
Segue comigo passo a passo a dor
A sombra errante e triste da saudade
E enquanto que as lembranças do passado
Me vem aos poucos povoar a mente
Meu coração saudoso e amargurado
Soluça então baixinho tristemente
Por que soluças tanto, oh! coração?
Não vês que está traçada a minha meta
Deixa que eu sofra com resignação
Do próprio mal de ter nascido poeta
Pois se há na vida um bem que não se alcança
Deixa que assim feliz eu morrerei
Cheio de fé, de amor e de esperança
Em busca desta glória que sonhei
Inverno, noite de garoa leve
Minha alma irmã das almas vagabundas
Relembra um belo amor que foi tão breve
Mas que deixou raízes tão profundas
Por isso a minha vida é um mar de espólios
Volta, não vivas mais tão longe assim
A tua imagem mora nos meus olhos
E tu talvez nem lembras mais de mim
Pois se há na vida um bem que não se alcança
Deixa que assim feliz eu morrerei
Cheio de fé, de amor e de esperança
Em busca desta glória que sonhei