Changa Tratada – chamarra
(L.:Câine Garcia M.:Renato Mendes)
Lá vem mais um dia de changa tratada,
Já de madrugada eu salto do catre.
Empeçando de novo a lida campeira,
Chiar de cambona, pra encilha do mate.
Lavando as “fuça” n’alguma gamela,
Espreito a cancela e miro o campo,
Que espera estendido pela recorrida
Enquanto a seriema renova seu canto.
O orvalho ainda molha esses varzedos
E o sol em segredo aparece ao fundo.
E bem de carancho, rebrilha em gotejos,
Parecendo acordar de um sono profundo.
Num pingo de estouro recorro à estância
E a eguada xucra trago pra mangueira,
Dando uma volteada, já salvo a jornada
E encontro extraviada alguma terneira.
Tenho que alambrar o potreiro dos fundos
Pra dar menos chance ao amigo do alheio,
Preparar umas terras ao sul do capão,
Fazer um ventena, aceitar meus arreios.
E assim vou levando minha vida de campo,
Pra ver se me ajusto em algum lugar,
Mas se não der certo, aragano me vou,
Campeando de novo, uma changa a tratar.
O orvalho ainda molha esses varzedos...