Galponeriando Solidões – Chamarra
(Miguel Cimirro e Luiz Carlos Ranoff)
A tarde deitou no horizonte
Barreado de rubro ao fundo.
Anúncio de geada bem grande,
Deixando mais frio meu mundo.
Inquietudes pateiam o peito,
No catre vazio sem calor,
Tornando os sonhos, tapera,
Lembranças partidas do amor.
Sumiram do céu, as estrelas,
Da madrugada, o encanto,
A lua se foi com tristeza,
Mermaram os pirilampos.
Na solidão dos silêncios
Um grilo desperta encanto,
Parceiro de noites varadas
Que vem trazer acalanto.
A manga d’água ligeira
Virou em garoa calma,
Sentando a poeira na estrada,
Molhando o poncho da alma.
Quando o sol abriu na manhã,
No galpão eu cevava ansiedades,
E na brisa do salso teu nome,
Ouvi e chorei de saudades.