Das Cruzes – milonga
(L.:Severino Rudes Moreira M.: Cristian Camargo e Zulmar Benitez)
São tantas as cruzes, que o mundo tem,
Porém raras vezes se para à pensar
Que nem todas, simbolizam o suplício,
Nem todas nos plantam, “argueiros” no olhar.
O olhar que cruza, é um ‘buenas’ tardes,
Saúda a quem chega, acena quem vai,
E quando a mão, é cruz sobre o peito,
Simboliza a fé, em “Nome do Pai”.
Uma cruz que envelhece, no vazio da pampa
É de quem carregou, a cruz mais pesada.
E a cruz que ressalta, n’algum mausoléu,
Traduz uma vida, que não faltou nada.
As cruzes que voam, em tardes de sol,
Se tem asas negras, são funerais.
Mas quando aparecem, com branco nas asas,
Retinas vislumbram, os tempos de paz.
A cruz das estrelas, na quincha do pago,
É que dá o sentido, da cruz da estrada,
E as cruzes do pingo, que uso por trono,
É onde eu cruzo, feliz nas canhadas.
Os braços abertos, é a cruz do corpo,
É a alma aberta, sentimento fraterno.
E esse calor, que brota por dentro,
Ameniza agruras, de qualquer inverno.
Na cruz de uma adaga, escora-se o golpe,
A cruz no estanho, é fogo mortal,
E a cruz missioneira, mutiplica braços
E revive a história, num canto imortal.
A cruz na boca, pede silêncio...
A cruz a quem benze, tem dialeto.
A cruz no papel, é escola da vida,
-O aval na palavra, do analfabeto-
Está na Cruz, a Paixão de Cristo.
Da cruz se fez, o nome de alguém.
Se a Cruz representa, a Santíssima Trindade,
Tem a fé que conduz, ao caminho do bem.