"volteei" uma recolhida
Pra "emangueirá" uma eguada
Apartei pra os meus "arreio"
Uma baia pampa encerada
Apertei bem no sovaco
Pelegão e cola-atada
Quem me conhece, "carcula"
"escramucei" só por fula
Para honrar a pataquada.
Me criei pelas estâncias
"fogoneando" as madrugadas
Cortando churrasco gordo
Mateando com a peonada
Lida e briga não me assusta
Enfrento qualquer parada
Potro e macho não se adula
Me provocam e só por fula
Eu não refugo a bolada.
Chapéu tapeado na testa
Tirador fímbria atorada
Bombacha feitio da zilá
Poncho baeta encarnada
Pala de lã para o frio
De seda para as pacholeadas
Só por fula e desaforo
Só ando em pingo crioulo
Ou potro de boca atada.
Eu sou do cerro do ouro
A minha querência amada
E uso o nó federal
Da pátria "maragateada"
Já escorei muita rusga
De boca braba entaipada
Só por fula, quebro a cola
De algum índio gavola
Metido a venta rasgada.
Me destorço na pecuária
Em várzea e pampa dobrada
Tosquio chibo, aparto tropa
Descoleio a cordeirada
Paro o rodeio e curo rês
Em maio faço tropeada
Junto as "plata" e só por fula
Gasto uns quartos de lua
Floreando as "boca pintada".
Serviço não me aborrece
Não sendo em cabo de enxada
Estendo cerca e arame
Insemino a novilhada
"bóco" na changa por dia
Empreito qualquer pegada
Só por fula até de artista
Me atrevo "às vez" de letrista
Fazendo trova rimada.
Só por fula, eu abro o peito
Sou maragato e não chimango
Danço de espora bem grande
Chapéu de aba larga, prateada e mango
Num floreio com a mais linda
Só por fula corto um tango
Me apresento para as "guria"
Só por fula e pulperia
Que eu sou dono do fandango.