De fronte ao galpão grande
um cerne de cerrunilha
palanqueador de tropilhas
cravado num chão sulino
sob a luz de um céu divino
o campo que não se entrega
a patria e peito de égua
vai ressabiando o destino
A várzea se estende longe
vista do fundo das casas
e um campeiro cria asas
repassando a bagualada
quem tem olhos de invernada
e ânsios de crioulo no peito
faz o que deve ser feito
e o resto ajeita na estrada
A fibra desta querência
vem das lidas campo à fora
trazendo pátria na espora
e no cantar do fronteiriço
mesca de ciência e feitiço
timbrada a berro de gado
e a bufo de mal-costeado
que se amansou no serviço
De dia... Sol e nuances
De noite... romances e lua
Nesta querência xirua
cada vez mais entonada
Aparte, tombos, bolcadas
pealos, rodeios, carreiras
e um sotaque de fronteira
Pa hablar de una jineteada
Um paraíso é quem ronda,
De copa mansa e serena.
a velha estância torena
enchendo o pealo de flores
e pra entreter dissabores
fumo bueno e figuerilha
Rincão de gente gaúcha
vida, terra e liberdade
quem se vai, sente saudade
quem volta bendiz a Deus
o mundo é feito de adeus
de apeie e chegue pra diente...
quem busca um sonho distante
acha bem perto dos seus.