Quando eu ouço um verso rimado
Na chucra voz de um cantor
Sinto-me às vezes emocionado
Lembrando que sou seu autor
Rimando então me proponho
Cantar para ela uma canção
E pra o violão me transponho
Seu bojo é o meu coração
A vida tem coisas belas
Que enfeitam o seu versejar
Com a prenda olhando a janela
Meu canto ordenha o luar
Só a rosa explode o seu aroma
E o amor é uma doce mentira
Minh'alma boêmia se doma
Simbrando as cordas da lira
Minhas palavras serenas
Se pintam todas de prata
Bem dizendo as almas gêmeas
Que cantam esta serenata
E os dois, cantor e poeta
Vivendo o mesmo universo
Cantam as rimas prediletas
Com afinação do meu verso
Com essa cadência da métrica
Dançam as sílabas mais fortes
Jorrando a veia poética
Com esta harmonia do acorde
Minha prenda olhando à distância
Escuta nossa canção
Se alumbra o pátio da estância
E um guaipéca uiva no oitão
Se encanta chorando a prima
E este violão comovido
Meu canto é o solo da rima
Rimando no seu ouvido
E ali no umbrau da janela
Seus olhos dormem nos meus
O cantor canta pra ela
Mas o seresteiro sou eu
O cantor canta pra ela
Mas o seresteiro sou eu
O cantor canta pra ela
Mas o seresteiro sou eu