Na boca da noite...
Cosquindo a picada
Meu zaino que é um gato
Separa carancho,
Bombeando distante
Pras bandas do poente
Parece que sente
O calor de algum rancho.
Eu trago na estampa
um jeito teatino
Porque o destino
quis que eu fosse andejo
(e a noite serena
chega e me provoca
campear a chinoca
e roubar-lhe um beijo) (2x)
um ventito manso
ma alvorota o pala,
então me aprumo
e tapeio o chapéu,
enxergo teu corpo
no clarão da lua
diz teus lindos olhos
brilhando no céu.
Eu sinto no peito
um guasquiasso mui forte,
inté acho que tenho
coração de potro
que bate ligeiro
quando enxergo a flor,
se é meu esse amor
não preciso de outro.
A alma de um taura...
Que vaga solito
Separa mais quebra
Rumbiando pro fim,
Que as ânsias que tenho
Acolherei com a gana
Que fez da paisana
Que espera por mim,
Já não vejo a hora
De encontrar minha linda
E dizer o que trago
Entalado na goela,
(a felicidade que tanto preciso
achei no sorriso
que deus deu pra ela) (2x)
que lindo seria
se um dia eu pudesse
te erguer na garupa
do meu zaino bueno,
talvez me perde-se
no toque dos dedos
campeando segredos
de um corpo moreno,
mas numa volteada
te levo comigo
pro posto do fundo
da estância da barra,
pra ser minha dona
e cuidar do ranchinho
(e dum pitionzinho
que herdará as minhas garras) (2x)
Na boca da noite...