VELHAS ESTÂNCIAS
Composição: Roberto Huerta
Estão elas como grulhos de vigia,
Grandes sobrados erguidos pra monumentos;
Mangueiras de pedra preta velha, na cozinha,
Alvas cortinas bailando num pé de vento;
Nas varandas cadeiras de balanço,
E uma rede que se embala preguiçosa;
De onde se vê as garças no açude,
Saudando o pago quando abrem suas asas;
Ainda sinto nestas estâncias a magia, de bolear potro pelos banhadais;
Onde o índio quebra faz de suas lides, pra si mesmo o mais belo dos postais;
Um galpão grande uma figueira bem copada, a sombra boa de um pomar atrás das casas;
Um horizonte feito cama de pelegos, aonde vai se deitar o Sol em brasas.
Velhas estâncias palanques da querência,
Tem raízes profundas neste chão;
Um crioulo reprodutor pra toda eguada,
E um fogo grande que nunca se apaga no galpão;
Sempre há dentro da gente estas estâncias,
Que traz um gosto das histórias dos avós;
E também uma lembrança, uma ternura,
Caseriando na tapera que há em nós.