Mário Villagran, clavijo
Nasceu na cruz de São Pedro
Criou-se guapo e sem medo
De se enredar nas amarras
Foi alcançador de garras
Pra um tal de Gilberto Pinto
Guiado pelo instinto
Do choro desatinado
De algum xucro desbocado
Que perdeu o rumo da viagem
E deixou de ser selvagem
E de retoçar no banhado
Achou o destino perdido
No rastro deste matreiro
Que só por ser caborteiro
Pechou num buçal torcido
Rédeas e pasto benzido
Por mão de bruxeira louca
Pra domar potros da boca
E amansar bagual bolido
Era taura pra um namoro
Sabia falar de amor
De cavalo boleador
Não aguentava desaforo
Num flete de pelo mouro
De atacar boca de beco
Do Uruguai pra o campo seco
Bandeava capão e touro
Tinha um cusco de parceiro
Que amadrinhava égua xucra
Usava uma botina branca
Bem amoitada na nuca
Numa tosa de manada
Bolcava potros a pealo
Reboleando as três Marias
Sobre o lombo do cavalo
Na culatra de uma tropa
Ou no fiador de um rodeio
De pingo erguido no freio
Se adonava do entreveiro
Dom Mário, índio campeiro
Saltava de madrugada
Pra ver a estampa encarnada
Do Sol nascendo primeiro
Dom Mário era um monarca
Se fez taura igual aos outros
Que andaram golpeando potros
Do Sarmento ao Reculuta
Mas, porém, nessa disputa
Me resta o último grito
Dom Mário morreu velhito
Mas chegou no fim da luta