Meus senhores
Hoje eu lavo copos
Faço as camas de todo mundo
Me atiram um mísero tostão
Eu logo agradeço
Limpo a mão no avental, mas eu sei
Que um dia vou sair daqui
Que um dia vou sair daqui
Certa noite um grito vai se ouvir
E vocês vão perguntar
Quem foi que gritou no cais?
Vão me ver lavando os copos e sorrindo
Vão perguntar
Por que é que ela sorri?
E o navio de piratas
Com cinquenta canhões
A abordar no cais
Vocês vão me dizer
Lave os copos mulher
E um tostão vão me atirar
Vou guardar o dinheiro
Suas camas arrumar
Mas eu sei que nelas nunca mais ninguém vai se deitar
Só eu sei o que vai se passar
Só eu sei, o que vai se passar
Nessa noite um estrondo vai se ouvir
E vocês vão perguntar
O que aconteceu no cais?
Da janela estarei tudo espiando
Vão perguntar
O que ela faz ali?
E o navio de piratas
Com cinquenta canhões
Tudo vai bombardear
A alegria de suas vai desaparecer
Porque tudo irá pelos ares
E quando a cidade estiver arrasada
Restará de pé apenas este mísero ateu
Quem será que dá tragédia escapou?
Quem será? Que dá tragédia escapou?
E durante a noite vão berrar
Perguntando sem parar
Quem é que vive aí?
De manhã então abrirei a porta
Vão perguntar
Quem é esta mulher?
E o navio de piratas
Com cinquenta canhões
Aos velar-se em ruinarás
No final da manhã
Cem piratas desembarcam
Em silêncio vão avançando
Um por um de vocês eles vão acorrenta
E aos meus pés me virar
Para então me perguntar
Quem é que você quer que matemos?
Quem é que você quer que matemos?
Haverá silêncio em todo cais
Quando ele me perguntar
Quem é que deve morrer?
Minha voz então será ouvida
Todos
E quando as cabeças rolarem
Eu direi
Bem feito
E o navio de piratas
Com cinquenta canhões
Pra bem longe vai me levar