Moda de Viola
A inflação e o salário se encontraram de repente
O salário cabisbaixo, a inflação toda imponente
Criticando a humildade foi dizendo mal criada
Seu baixinho inconformado você não está com nada.
O salário envergonhado foi dizendo bem Cortez
Afinal quem é a senhora, pra que tanta estupidez
A inflação muito arrogante respondeu toda orgulhosa
Sou a força poderosa que arrasa com vocês.
Eu sou filha do dinheiro ganho desonestamente
Sou neta do juro alto, do agiota sou parente
Eu sou prima do desfalque, do luxo desnecessário
Ajudar ao semelhante pra mim é cosa de otário.
Dificulto a prestação que aumenta sem piedade
Eu acelero a ganância e outras barbaridades
Quem esbanja do meu lado sempre tem aceitação
Sou a famosa inflação afligindo a sociedade.
O salário respondeu você é cheia de trama
Estou muito revoltado com a sua grande fama
A senhora é responsável por um sucesso aparente
E também por sua culpa veio miséria pra gente
Eu sou o pobre salário irmão da renda precária
O meu pai é o suor da nobre classe operária
Minha mãe é a lavoura de milho, arroz e feijão
Ouça bem dona inflação e senhora é mercenária.
Vê se você vai andando sua bruxa descarada
Vive ainda nesta terra gente bem intencionada
Deixe de rondar meu povo que trabalha honestamente
Saiba que sua presença esta sendo inconveniente
Não existe neste mundo o que Deus do céu não veja
O sol nasce, aquece a terra, venta, chove relampeja,
Eu sou o salário humilde da cidade e do sertão
E abraça neste chão toda a gente sertaneja.
A inflação foi respondendo no meio de uma risada
Sua ficha, seu salário não me assusta em quase nada
Agora me dá licença eu preciso ir adiante
Vou indo com meu cortejo pra negociata importante
O salário disse a ela todo cheio de razão
Eu nasci pra ser humilde e não mudo de opinião
Nunca fui inconformado como a senhora falou
Saiba você que eu sou o equilíbrio da nação.