No tempo da mocidade eu trabalhei de carreiro
Com oito bois reforçados e também muito ligeiro,
O sertão da Bernardina fui eu quem cruzou primeiro
Subindo serra e descendo
Lavando carga e trazendo de janeiro e janeiro!
A junta do cabeçalho, o “Letrado” e o “Faceiro”,
Me dava muita firmeza na descida do changueiro
Eu fui um rapaz de gosto e falo sem exagero
Quando por lá eu passava
Uma cabocla me olhava sempre de olhos morteiros.
Mais o tempo foi passando, o destino é traiçoeiro
Fiquei velho de repente sem patrão e sem dinheiro,
Quanto o tempo carreei nunca tive candeeiro
Meu grito de ôla, ôla
Ficou embargando a toa no chão do meu sul mineiro.
Não vi mais meu velho carro, estimado companheiro
Por certo apodreceu, lá no fundo do mangueiro
A boiada foi pro corte nas mãos de algum açougueiro
Pra dizer bem a verdade,
Só resta mesmo a saudade matando esse carreiro!