Me chamam de boiadeiro, boiadeiro é o meu patrão
O boi é do fazendeiro eu não passo de um peão
Quando toco uma boiada me admiram sem razão
Eu sou mais um boi na estrada empoeirenta do sertão
Nasci num rancho de tábua, me criei num mangueirão
Entre eu e a boiada não existe distinção
O boi dorme na invernada, fazendeiro na mansão
Eu rumino minhas mágoas lá no fundo do galpão
Não me chamam de boiadeiro por que isso eu não sou não
Dono de boi tem dinheiro, eu só tenho solidão
A minha maior tristeza é viver na ilusão
Se sonho fosse riqueza eu seria um barão
Quando pensei que era gente piorou a situação
Me apaixonei loucamente pela filha do patrão
Mas pra o moço da cidade ela deu seu coração
Ao longo do meu caminho vou morrendo de paixão