Quando ouço falar em boiada
O meu coração da um balanço
Lembro do chão, da poeira da estrada
Que ficava naquele remanso
O grito do boiadeiro ecoando no sertão a fora
O som do berrante manhoso
Que tocava ao romper da aurora
O sereno nas folhas das matas
Com o sol já se desfazia
Via o céu ficar cor de prata
Com um brilho que reluzia
Marca de cascos no chão
Ficava ao passar a boiada
Também no meu coração
Ficaram marcas da vida passada [bis]
Hoje só restam lembranças
De um tempo que já foi desfeito
Saudade é a minha herança
Que eu tenho dentro do peito
O homem que fui ao passado
Um boiadeiro com perfeição
Hoje eu só vou ser lembrado
Somente nas festas de peão
Agora o transporte de gado
É feito por um caminhão
De um jeito que não agrado
Não existe mais emoção
Não vejo mais a comitiva
E nem o burro cargueiro
Não vejo a boiada seguindo
Atrás daquele sinoeiro [bis]
No livro da minha vida
Estas páginas foram viradas
História de um boiadeiro
Que hoje não é mais lembrada
Porque o progresso chegou
E acabou a minha profissão
O pranto que cai do meu rosto
Vai doendo no meu coração
Por não ver meu cavalo arreado
Que era mestre na lida
Como o tempo pode depressa
Mudar assim nossa vida
Queria cavalgar de novo
Pela estrada dos alecrins
Acenar com a mão para o povo
Não lembrar que tudo é o fim [bis]