Cai a tarde mansamente para os lados da Abadia
Ritmando em som dolente, bate o sino Ave-maria
No horizonte o sol poente diz adeus a mais um dia
Vou remando amargamente meu barquinho de ansiedade
Naufragando na saudade do sorriso de Maria
Escrevi uma canção numa triste noite fria
Fui ao circo da ilusão e cantei a melodia
Fiquei só na multidão que de pé me aplaudia
Essa estranha solidão já foi muito discutida
Pois só vejo a luz da vida no sorriso de Maria
Despertar dos desenganos de uma vida tão vazia
Um ontem provinciano madrugada de agonia
Todo mundo no engano que só tenho alegria
Já faz tempo, não um ano que eu sofro assim calado
Vejo o mundo estampado no sorriso de Maria
Dos meus versos enfadonho deixo aqui a ironia
À Maria dos meus sonhos tenho ainda poesia
De um tempo tão risonho quando tudo mal nascia
Os vencidos são tristonho falam mal daquele charme
Mas só ela sabe dar-me um sorriso de Maria