Fazer um colar de contas
Um colar de contas brancas
Fazê-lo conta por conta
Desde o começo até o fim
Fazer um colar de contas
Um colar de contas tantas
Até atá-lo nas pontas
Abraço em torno de ti
No reiterar de um só gesto
Pôr cada conta entre os dedos
Ao modo simples e certo
De alguém que rezasse um terço
Chegar ao fim sem ter pressa
Pra retornar ao começo
Na linha que já não meço
Na ordem em que me perco
Sonha, menina seonha
Sonha que eu vou chegar
Sonha, menina sonha
Que eu canto o sonho, menina
Oh lua, conta mais branca
Desse colar universo
De fase a fase me encanta
E conta grandes segredos
Noite após noite eu aprendo
Surpresa pode ser mansa
A maior parte do tempo
O que é bem novo não espanta
A noite inteira, repleta
Não nasce assim de repente
Precisa antes ser nova
Pra renascer sempre e sempre
Memória em sombra sem brilho
Rebrilha quando e somente
Minguando vão pouco a pouco
As pontas de seu crescente
Sonha, menina...
Colar de contas que faço
Colar de contas do tempo
São contas tontas que traço
Até formar-se o desenho
Aritmeticamente
Ao fim de contas se está
Pois no abraço quem te prende
Faz de conta ser colar