A mãe bugra missioneira é a história que me pariu
Na barranca desse rio, numa tábua de fronteira
Escolhi minha bandeira e fiquei de sentinela
Com sangue a meia costela desfraldando o estandarte
E me tornei o baluarte da pátria verde-amarela
Os anos foram passando fui domador e vaqueano
Fui pastor e miliciano
Cuidando a terra e peleando
E ao mesmo tempo, empurrando as linhas de geografia
Foi sempre a filosofia da história desse país
A corte viver feliz, que o gaúcho garantia
Nunca fui mais e nem menos
Nesta vida de patriadas
Curtido por muitas geadas e amaciado de serenos
Vendo grandes e pequenos com respeito frente a frente
Por que nasci independente de Sepé fiz o meu santo
Esparramei o meu canto por todo este continente
Por isso é que não me calo o que é meu ninguém se adona
A guitarra e a cordeona cadenciando o mesmo embalo
Sobre o lombo de um cavalo
Dia e noite, noite em riste
O homem que canta triste na pampa continentina
A matriz me discrimina, mas sabe que a gente existe
Monarca deste hemisfério nunca gostei de tiranos
Até andei por muitos anos peleando contra o império
E permaneço gaudério todos sabem de onde vim
Sou o princípio e o fim dentro do meu próprio espaço
Se me cortam um pedaço não sobra nada sem mim
Esse tudo evoluiu aqui no meu parapeito sigo
Exigindo respeito a terra que me pariu
Bebendo do mesmo rio cantando a mesma cantiga
Não há de faltar quem diga um dia quando eu me for
Que conheceu com cantor daqueles da marca antiga