Um grito cortou os ares, brotou de um peito de penas.
E como um anjo emplumado pousou a gralha morena, Encontrou o chão lavrado por rosetas de chilenas
E semeou por todo lado pinheirais na terra buena.
Gralha que planta o pinheiro cavando o ventre do chão,
Peões que contam dinheiro da labuta pelo pão,
Passado que se fez glória unindo povos irmãos,
Ritual que se fez história no contar de cada peão.
Garrão de Brasil menino de geada, campo e relento
Do quero-quero teatino cujo canto é um documento,
Planalto e pampa e um destino curtidos do mesmo vento,
Porque o mapa é um tento fino quando o laço é um sentimento.
Gralha...
Canta povo essa cultura com a força de tua garganta,
Que um cantar das almas puras vira prece pra quem canta,
Que o patrão mande fartura pra este sul que é terra santa,
Que onde um bicho planta e colhe, só não come quem não planta.
Gralha...