Às vezes quando escuto
Bem longe no chapadão
O repique do berrante
E o grito de peão
Saio no terreiro e vejo
Lá distante um poeirão
Eu sinto dentro do peito
Remoer meu coração
Eu vejo o burro de carga
Saudade é tão amarga
Lágrimas descem no chão
Vejo a boiada passando
Lá de dentro do terraço
Com muito espírito jovem
Mas o corpo é um fracasso
Boiadeiro venha cá
Quero lhe dar um abraço
Pra matar minha saudade
Quero pegar no seu laço
Eu quero sentir o cheiro
Do suor do boiadeiro
Pra aliviar o meu cansaço
É triste sentir saudade
Dos tempos de boiadeiro
Da poeira nas estradas
E os berros dos pantaneiros
Um estouro de boiada
O arreio e o baixeiro
Magoando o coração
Do velho peão estradeiro
Quando vejo atrás da porta
O laço e o par de bota
Eu choro em desespero
Quando olho no espelho
E vejo rugas no rosto
Cabelos embranquecido
De quem já foi bem disposto
Sinto tristeza na vida
Desilusão e desgosto
Sei que estou chegando ao fim
Mas já fui peão de gosto
Adeus para os companheiros
O velho peão estradeiro
Agora perdeu seu posto
(Pedro Paulo Mariano - Santa Maria da Serra-SP)