Barranco, chão corroído
Beirando o terreiro fundo
Perdido dentro do mundo
Há muito tempo não vejo
Violeiros em noites claras
Fazendo dele seu banco
Sentado sobre o barranco
O sofá do sertanejo
Barranco, meu banco
Onde sente-me uma vez
Barranco, meu banco
Igual a mim se desfez
Barranco do meu terreiro
De capim verde se veste
Também de flores agreste
Que desabrocham à tarde
Só eu não tenho no peito
Este verdor da esperança
Hoje a tristeza descansa
No barranco da saudade
Igual aquele barranco
Onde passei bons momentos
Junto ao terreiro do tempo
Sou o barranco da vida
Em mim repousam lembranças
E o peso de muitos anos
Cansaço e desenganos
Das longas horas vividas