Como é gostoso
A gente abrir no verão
As cortinas do sertão
Na varanda da manhã
Deixar entrar
Pedaços de madrugada
E sobre a colcha azulada
Dorme calma a lua irmã
Cheiro de relva
Traz do campo a brisa mansa
Que nos faz sentir criança
A embalar milhões de ninhos
A relva esconde as florzinhas orvalhadas
Quase sempre abandonadas
Nas encostas do caminho
A juriti
Madrugadeira da floresta
Com seu canto sobre a festa
Em dueto com a cascata
Sons de insetos
Rios e folhas que se agitam
Põe a música tão linda
Neste poema das matas
É nesta hora
Que a gente se vê criança
Arrumando nossas tranças
No pente fino do tempo
Botões de ouro
A prenderem nossa blusa
São as estrelas difusas
Perdidas no firmamento