É inverno lá fora,
não mais vejo teu olhar
que há alguns dias, outrora,
acalentava o chorar...
Perdeu-se na aurora,
no amarelo do seu olhar...
Foram muitas as tardes,
jamais hei de esquecer
mas calou n'alma a saudade,
pois nunca mais hei de ter
em outro tal amizade...
Tu foste a brisa do verão
que meu peito acalentou,
nunca, nunca mais então,
meu peito se acalmou...
Segue nos jardins floridos,
teu olhar acalma
em todos os sentidos,
no fundo de minh'alma...
Segue pois o sol
continua a brilhar, embora
não mais veja
o teu profundo olhar...
Ainda que a saudade me siga
no peito há de calar
a voz do anjo que diga
que tu irás retornar...
Em forma de terra
na terra da serra...
Em forma de amor,
transcrito no olor...
Em forma de brisa,
com jeito de vento
e aroma de fruta,
que não apaga o tempo...