Quatro e vinte ele passa apressado
Olha o céu, tá um pouco suado
Na mureta, ele fica sentado
Eu não sei onde isso vai parar
Ela chega com jeito invocado
Cada passo com todo cuidado
Ela tem o olhar tão sereno
Coração ameno de quem se encantou
Mas não se engane, nem tudo que arde, vira chama
Ele passa, ela passa, e eles sentem
No encontro, o acaso se derrama
Sete meses depois num sobrado
Só revolta e bagunça pros lados
Ele chega em casa ensopado
E percebe que o tempo acabou
Ela clama por paz atrasada
Se encolhe no canto, esgotada
Eles pisam no espaço vazio
O amor por um fio que a fé abandonou
Mas não se engane, nem tudo que arde, vira chama
Ele chora, ela chora, e eles mentem
Descaso, casado pela cama
Mas não se engane, nem tudo que arde, vira chama
Ele chora, ela chora, e eles mentem
Descaso, casado pela cama