Patrão velho das alturas, venho pedir tua bença
Ajojo em ti minha crença, meu amado criador
Na lida xucra que abraço, carrego a vida nos tento'
Desse jeito, me apresento como um simples domador
E quando um bagual se agarra cerro abaixo corcoveando
Sinto que Deus tá me espiando, abençoando a criatura
Depois que apeio do urco, me ajoelho e tiro o chapéu
E rezo olhando pro céu ao pai velho das alturas
E quando uma tropa estoura no breu medonho do escuro
Dentro de mim, eu procuro a proteção do Senhor
E a tua luz me protege, eu volto a ser piá de berço
E assim, vou rezando um terço nos flecos do tirador
Peço ao Patrão Celestial por minh'alma chimarrona
Meu catecismo é a carona que eu benzo depois da lida
Sou índio xucro de galpão, por Deus e Nossa Senhora
No papagaio da espora, vai pendurada a minha vida
Por isso, sempre me benzo ao cruzar numa capela
Pois sinto que dentro dela mateia o pai das alturas
Faço uma prece bem linda, do jeito que eu aprendi
Nos meus tempos de guri, da boca da noite escura
Outras vez', também eu rezo de uma maneira bagual
Estendo a alma no varal do galpão dos sonhos meus
Vira terço e rosário o teclado da minha cordeona
Nesta vaneira gaviona, eu vou proseando com Deus