Nós nascemos em meio á desordem, caos e confusão
Um misto de conto de fadas, poesia e maldição
Crescemos em meio aos anos 90
Aonde a maioria em 2000, se matou pelas de 50
Imitávamos Michael nos passos de Thriller
Enquanto esquinas lá fora fabricavam serial killers
Descobrimos que nosso ideal não morria por nada
E que nossos sonhos recriavam o mundo a cada madrugada
Contaram sobre ancestrais e dias de glória
Hoje sabemos do nosso futuro, pois conhecemos nossa história
Somos chefes de tribo de nações sem bandeira
Bloqueia-se uma gota d? água, mas guerreiros são cachoeira
Dizem que somos rebeldes sem uma causa aparente
Triste é quando sonhos frustrados viram balas no pente
Fogos de artifício em um dia sem futebol
De um universo em desencanto somos as lagrimas do Sol
Descendemos de Yorubás, Ashantis, Carijós
Um dia fomos reis, hoje guerreiros que andam só
Tristeza se alongam enquanto homens desabam
Meu coração vira sonata, somos paixões que acabam
A gente parte corações e nem olha pra trás
Apelidos e historias tornam tragédias imortais
Lendas de homens intocáveis perpetuam legados
Mas não contam nossos feitos, sussurram nossos pecados
Somos episódios passionais cujo fim é uma apoteose
A revolução em silêncio e os heróis que morrem de overdose
Somos crise de ciúme e expectativas em extinção
Malotes de presidentes mortos levam meus amigos pro caixão
Das cinzas as cinzas do pó ao pó
Atrás de linhas inimigas guerreiros andam só
Nos deram oportunidades, as piores possíveis
E hoje somos as dores de amores impossíveis
Deus sabe dos destinos de cada um
E a estatística sabe dos destinos em comum
Elas querem Prada, eles querem prata
Perolas são grãos de areia e por areia a gente se mata
Castelos feitos de carta, blefes de amadores
Reis da guerra em suas cabeças levam coroas de flores
Somos nomes de batalhas, mães que esperam na varanda
Velhices em corações jovens, somos os filhos de Ruanda
Nós entramos no jogo sem a pretensão do empate
Não proposito pra nós se não morrermos em combate
Fomos feitos pra isso, a brisa é o prelúdio da ida
Existência intensa e rápida como tudo que é bom na vida
Somos o pra sempre mais breve, um sacrifício em estrelato
Os bons morrem cedo e guardam dinheiro em caixas de sapato
Somos guerras particulares, historias sem continuação
Acreditamos em Deus, mas não esperamos salvação
Somos os anjos que perderam as asas
Estigmas, ilusões e veteranos longe de casa
Nosso tempo na Terra é estável igual nosso humor
Enquanto esperamos o fim do mundo fazemos promessas de amor
Somos as vidas que rua fez e as vitimas que a rua faz
Hey bravo mundo novo, somos fabulas sem morais
Beijos intermináveis enquanto o sol muda de posição
Rostos anônimos e cobertos a espera da rebelião
Coração cigano e oração de catimbó
Em núpcias de marinho aprendermos a sermos só
Somos new school igual freestyle, old school igual jongo
Linguagem transgressora rato não é camundongo
Queimaremos outdoors e essa revolta não é só minha
É dos que cansaram das migalhas e hoje vão tomar a cozinha
Somos as crianças que só conhecem o pai por foto
Nossos pés pesam chumbo, nossa marcha causa terremoto
A gente cria motins quando eles não tão olhando
Pois assim eles não vão ver a revolução chegando
Somos os que não voltam, o joio em meio a seara
Sempre estivemos no mainstream, nunca mostramos a cara
Mas não odeie o jogador odeie o jogo
Celebre a vida comigo hoje, amanhã meu mundo pega fogo
Ataca-se quem nem conhece, combate-se sem ter porque
E a guerra some com a poeira junto do amanhecer
Mil a direita, a esquerda e os que não foram atingidos
Hoje cultivam girassóis em corações deprimidos
Somos romances bandidos e flertes de boa fé
Dessa vez a gente morre sabendo o quão bonito a gente é
Eles dizem que somos jovens demais pra morrer
Guerreiros como eu esperam a morte pra começar a viver