Intro
(A crise diz)
Eu te prometo sorrisos
Férias na disney
Uma casa na praia
Com vista pro mar panquecas de nutela
Uma transa daquelas
(romances de novela)
Um retiro pra índia até você se ligar
Que eu quero ser teu enjôo, palpitação
Um aperto no peito músculos em tensão
Um no na garganta, descontrole, tremor
Fluoxetina, pânico e pavor
Parte um
Olhos escuros como um poço
Tons de castanho breu drágeas e ampolas
Preces na boca dum ateu
Dia que não amanheceu, cegueira de cão guia
O papo entre uma escova
E a paciente em quimioterapia
Faz da minha pele um casaco, palidez pêra
Onde ter calma é segurar o sol
Com dedos de cera
Porto prince, tremedeira, frio na espinha
Capaz de fazer uma garota síria
Amar unhas francesinhas
No meu peito se aninha
Uma fratura no esterno
Em segundos a santa ceia vira
Um drink no inferno
Rompe charcos de tensão
Katrina afoga new orleans
Banheira com gelo, cortes na altura dos rins
Adágios de caim, a nata do medo
Um pedófilo ensinando uma criança
A soletrar segredo
Lençol, fedendo azedo, dizepam, cohibas
Ontem era molin rouge hoje, emilio ribas
Bilhetes suicidas, faz da farmácia, shopping
me beija como agulhas beijavam janis joplin
Me toca como robert jonhson tocou satã
E enquanto eu rezo me oferece tortas de maçã
Meu suor frio é o talibã atirando
Em outra malala
O espaço entre o peito de malcon
E a ponta da bala
Já cavou minha vala e antes
Que o quadro fique feio
Diz pra Deus pegar minhas orações
Na caixa de correio!
Refrão (a minha cabeça em meio a crise diz)
Pensou que eu era esquema te vi se encantar
Achou que eu fosse seu par em mim viu, seu lar
Tô pra ser teu problema não sou tua paixão
Tô pra te bagunçar
Tirar seu chão
Parte 2
Cada crise é uma adolescente
Que faz da bulimia um novo amor
E vê um espelho na privada cada vez que vomita
Que surta ao pensar: beleza é algo interior
E com 2 dedos na garganta te mostra
O quanto é bonita
Cada crise é uma bailarina sonhando
Com sua estréia numa companhia européia
Cada surto é descobrir
Que sua vida é movida a pilha
E que as paredes da caixinha
São sua única platéia
Cada crise é uma mãe com câncer
Dizendo ao filho pequeno
Que o céu fica no segundo andar
Cada surto é o quando o filho descobre
Que por maior que a escada seja ela
Nunca chega lá
Cada crise é uma batalha interna
Vitória são os primeiros passos
Ar de reinício, mas célebre todo amanhecer
Em silêncio pois em nações em guerra
No ano novo não tem fogos de artifício

Bridge (a crise diz)
Fiz do sorriso um convite
E o que sobrou pra mim?
Limpar toda bagunça, nossa festa beira o fim
Não fica assim, eu não sou ruim
Só cumpri o meu papel
Como pode me odiar se eu te prometo o céu?
Refrão (a minha cabeça em meio a crise diz)
Pensou que eu era esquema te vi se encantar
Achou que eu fosse seu par em mim viu, seu lar
Tô pra ser teu problema não sou tua paixão
Tô pra te bagunçar
Tirar seu chão
Final
Quando alguém lhe falar sobre ansiedade
Depressão, pânico, jamais menospreze
Não é por que você não vê uma crise
Que ela não existe
De ouvidos, se faça presente
Uma palavra pode definir
Se a próxima mensagem vai ser um bilhete
De bom dia ou uma carta de suicídio
E isso não é uma poesia