Desculpa, se quebrei teu espelho
Eu só queria que enxergasse direito
Na tua imagem refletida
Quem é você sem dourar a pílula
Desfila com ar de destemida
Mas vejo medo na pupila
Eu que fui com tudo no teu labirinto extremo
Que encontrei dentro de paredes falsas
Segredos que nem você sabia
Que destravei gritos e gemidos que te sangravam a vida
Por isso
Vem, me chama
Não faz mais tanto drama
Me leva pra tua cama
E diz que ainda me ama
Desculpa, se quebrei teu espelho
Eu só queria que entendesse seu erro
Agora me quer banido do teu precipício
Considerando eu o mais cruel bandido
O inimigo número um do teu mundo banal
Daquele mundo seguro faz-de-conta habitual
Pois saiba que esta é a maior prova que preciso
Teu ódio é do tamanho do que ainda significo
Virei teu mundo pelo avesso, e daí?
Você foi feita para existir!
Vem, me chama
Não faz mais tanto drama
Me leva pra tua cama
E diz que ainda me ama
Desculpa, se quebrei teu espelho
Eu não queria, mas não tive outro jeito
Você não cabe mais naquele mundo exíguo
Como vai deixar de ver o que é agora explícito?
O que vai fazer com esse desejo sem contra-indicações
Sem falsos pudores e noções?
Não há mais calabouço possível nem pra você nem pra mim
Não há como conter nas veias
O antídoto que apliquei em ti
Vem, me chama
Não faz mais tanto drama
Me leva pra tua cama
E diz que ainda me ama