Não sei porque te falo, se esta noite
Já nem a solidão é minha amiga
Se já não há palavra que se afoite
Se já nem sei sequer o que te diga
Talvez o que procuro já não seja
O amor tão cantado p'los poetas
E num resto de lua que te beija
Mal consigo saber porque me inquietas
Não sei onde ficou isso a que dantes
Gostava de chamar o ocoração
E parecem-me agora tão distantes
Os ecos dessa estranha pulsação
Procuro essas verdades mentirosas
Na música dum fado que escoa
Mas por entre mil versos e mil prosas
Há sempre uma qualquer que me atraiçoa
Não sei porque te falo se afinal
Duvido de quem sou, quem somos nós
O mal é já um bem, o bem um mal
E as lágrimas secaram-me na voz