Ninguém escolhe ser forte
Não é culpa ser incapaz de erguer um peso
Ou manter o brilho aceso da vontade de algo fazer
Ouço sempre sobre o tempo e a morte
Palavras que nos fazem ter medo e então
Desistir da própria convicção sobre a luta e a sorte
E esquecer que o futuro chega independente do seu querer
Planejar ou não, a rota que vou trafegar sem ver
O enigma universal, o estigma que é viver sem saber porquê
Cada aspecto filosofal que cerca o que é você
Me disseram para refletir, aconselharam-me a fugir daqui
Isolar a mente, de um convívio doente com os seres que habitam aqui
Conselho sábio foi o que eu ouvi, de uma triste alma que eu conheci
Nos campos secos da pálida terra, onde o ciclo se encerra longe,
Longe de onde eu vivi
Terra onde todo réu é juiz,
E fazem guerra jurando a trégua que eu sempre quis
Acreditar no desígnio humano, dote tão leviano
A fase que defrontamos o real
Enxergamos a solução tão simples de implementar
Mas não sei se é por bem ou mal
É triste olhar que nada sai do normal
Por mais que passem os meses, pareço estar no mesmo ano
Dizem que se eu for bom, será bom também o outro fulano
E a não-agressão é uma mentira marcada no grande plano
Que traçado sob as cortinas escuras, velado pelo engano
Em cada canto que eu oriento meus olhos
Eles sofrem pra não chorar
Parece bobo pensar,
Mas me sinto governado por loucos em todo lugar
Pois toda conspiração, que faz do mundo então
Esvaecer toda sua realidade
Da plebe à majestade, do palácio ao pomar
Me disseram para refletir, aconselharam-me a fugir daqui
Isolar a mente, de um convívio doente com os seres que habitam aqui
Conselho sábio foi o que eu ouvi, de uma triste alma que eu conheci
Nos campos secos da pálida terra, onde o ciclo se encerra longe,
Longe de onde eu vivi
Composição: Marcos Vinicius de Moraes