Eu podia ver a fumaça que subia ao horizonte
Pensei, tentei olhar distante, em frente aquela ponte que...
Cruzava da minha terra até meu verdadeiro lar.
Abusava da boa fé daqueles homens de além-mar.
A mudança muda, cega, e surda que ninguém quer escutar
O palco, o elo paralelo entre o público e o rei do lugar
Mas ninguém quer diferença, e na crença de que está bom como está
A temência ou a demência de não fugir pra luta ou querer mudar
Aos três tempos vou estar aqui com você
Não há lugar pra fugir, se esconder, é dar a cara a bater e vou seguir
A minha trilha é curva não vou ficar aqui
Porque o trem vem, de encontro ele vem, não vai poupar ninguém
Havia tido algum sentido pra ser parte do sistema
Que envenena, aprisiona,
Corta draconianamente as asas de pobres almas pequenas
Que quase não possuem direito de sobreviver
Ou menos se expressar
Há coisa mais triste do que a dor intensa
Que nem pode se manifestar?
Se o último bosque for exaurido
O velho tronco já caído como a própria casa que irá derrubar
Ou se todo o prédio já tiver ruído
E cada ser hostil vivido pela luta vil que nunca vai cessar
Dá-se a medalha aos profetas
Esses falsos poetas que ditam o passado,
Em um tempo onde guerra é alento dos sofridos e um troféu àqueles líderes condecorados
Enquanto assiste um meio teatral
A vida corre lá fora, lá fora é vida real
Enquanto no segundo tempo ninguém marca o gol
O terceiro tempo do velho mundo acabou
Se há chances agora, embora eu não sei
Se existe algo essa hora que salve nosso rei
O jogo quase perdido, é cheque mate por vir
Mas nobre é o adversário, de empate permitir
Dera eu confiasse na consciência humana
Falaciosa, falsa, rude natureza estranha
Que feito uma árvore que parasita a si
E corrompe, interrompe a vida toda ali
Por motivos leves, torpes, nulos, greves, crises, guerras, muros
Dissemos pra arrancar os ramos do medo que nós cultivamos
Nunca é tarde pra aprender que é tarde demais
Tarde demais. (3x)
Aos três tempos vou estar aqui com você
Não há lugar pra fugir, se esconder, é dar a cara a bater e vou seguir
A minha trilha é curva não vou ficar aqui
Porque o trem vem, de encontro ele vem, não vai poupar ninguém
Composição: Marcos Vinicius de Moraes