Triste, sozinha, desprezada
A vi de madrugada
sair de um cabaré
Fraca, mostrando que a sorte
Destruiu todo seu porte
Sem lhe dar vez
Magra, vestida sem aprumo
A exibir sem rumo
Sua nudez
Parecia um quadro sem valor
Mostrando sem pudor
seu corpo sem calor
Eu que a tudo sempre resisti
Ao vê-la assim fugi
Pra não chorar.
E pensar que há alguns anos foi minha loucura
Que levou-me até a traição, sua formosura
Isso que hoje é um cascalho, foi a doce criatura
Que me fez sofrer de amor
E perdi honra e nobreza, envolvido em tal beleza
Me fiz mau e pecador
E fiqei sem um amigo
Que vive só e sem fé
Que me teve de joelhos
Sem moral feito um mendigo quando se foi
Nunca sonhei que a veria
Perdida, abandonada
Como hoje a encontrei
Veja se não é pra suicidar-se
Que por este trapo inútil
Seja o que sou
Era a vingança cruel o tempo
Que nos faz ver desfeito
O que se amou
Este encontro me fez tanto mal
Que só por me lembrar
Me sinto envenenar
Esta noite eu me embriago sim
Eu bebo até o fim pra não pensar.