Seu doutor me dê licença
Prá minha história contar
Hoje eu to numa terra estranha
E é bem triste o meu penar
Mais já fui muito feliz
Vivendo no meu lugar
Eu tinha cavalo bom
Gostava de campear
E todo dia aboiava
Na porteira do curral
Ê,á,á – ê,á,á
Ê,ê,ê,ê vaca estrela
Ô,ô,ô,ô boi fubá
Eu sou filho do nordeste
Não nego o meu natural
Mais uma seca medonha
Me tangeu de lá prá cá
Lá eu tinha meu gadinho
Num é bom nem alembrar
Minha linda vaca estrela
E o meu belo boi fubá
Quando era de tardezinha
Eu começava aboiar
Ê,á,á – ê,á,á...
Aquela seca medonha
Fez tudo se atrapalhar
Não nasceu capim no campo
Para o gado sustentar
O sertão se esturricou
Fez os açudes secar
Morreu minha vaca estrela
Se acabou meu boi fubá
Perdi tudo quanto tinha
Nunca mais pude aboiar
Ê,á,á – ê,á,á...
Hoje nas terras do sul
Longe do torrão natal
Quando eu vejo em minha frente
Uma boiada passar
As águas corre nos olhos
Começo logo a chorar
Lembro minha vaca estrela
E o meu belo boi fubá
Com saudade do nordeste
Dar vontade de aboiar
Ê,á,á – ê,á,á...