Pobre, mas livre gauchito, no Sol a Sol sou o que sou
Pois nem Dom Pedro segundo. Não pode senhor de um mundo
Dobrar o meu bisavô
Com essa alma guapa nos tentos debaixo do meu sombreiro
Pelo poder do dinheiro nunca ninguém me dobrou
Pois nem o taura Castilho, famoso pelos codilhos
Pode voltear meu avô, e o tranco do meu lubuno
Passam por mim carros finos, com espertos e ladinos
Que a escobação empilchou
Sigo as vezes sem um cobre sem que a secura me dobre
E se meu velho está indo pobre a ninguém se dobrou
Conterrâneos, moços lindos com humildade de escola
Curvam a espinha de mola no culto de um ditador
Seja qualquer que ele for com a fumaça de um bom fumo
Chapéu torto corto o rumo
Ao tranco do meu lobuno sem dar louvado ao senhor
Deus velho dá o Sol também ao que sabe ser toreno
E não suporto cadena de feiticeiro ou pagão
Não me enredo nessas tranças
E vou cruzando estes pampas só escravo do coração
Amigos quando eu me for ao país do eterno, aqui
Fica aqui este meu pedido antes que a morte comande
Ponha-me ao peito sem xuxo
O santo trapo gaúcho da tricolor do rio Grande