O meu canto é por justiça
Por dois lados na balança
Eu me chamo Esperança
Na premissa, Obakoso
Defesa de quem sangrou
Acalanto de quem sente
Onde cada escravo vira réu
É trovão que rasga o céu
Seu Machado está presente
No suor da plantação, fio a fio a proteção
Dos sagrados andarilhos
O saber de grão em grão, pra enfrentar o capitão
Pra dar colo a cada filho
Separada pela dor, nas amarras do feitor
Aos olhos de Nazaré
Minha fé ninguém calou, sou a filha de Xangô
A essência de mulher
Lere lere, Kabesilê, Ojuobá
Lere lere, Kabesilê
Ojuobá, me tornei
Onde o verbo me invade
Sou palavra que arde
Sei que ainda há a tortura
Mas escrevo pra vencer
(Nós vamos vencer)
Esta sina que perdura
Oh, Deus! Dediquei a palavra
A cada alma preta que partiu
Na carta a liberdade é assinada
Por todas as Marias do Brasil
Ainda que seja o lugar do folião
Carnaval também é voz pra calar a escravidão
Tá Em Cima da Hora mas é tempo de evocar
A Esperança onde o samba há de lutar