A minha casa
Pequenina tão modesta
Fica lá numa floresta
No recanto onde ela está
A gente olha
Põe os olhos no poente
Vê que Deus onipotente
Abençoou este lugar
Quando anoitece
É um sertão iluminado
Até fico desconfiado
Que ele também more lá
Da minha cama
No romper da madrugada
Escuto nas alvoradas
Os passarinhos cantar
O pintassilgo
Sabiá peito amarelo
Cantando tira um duelo
Até o dia clarear
Lá da varanda
Canta e desce do poleiro
Meu antigo seresteiro
Companheiro do luar
Quando o sol nasce
Vou cultivar meu roçado
Nas capoeiras do serrado
Escuto o inhambu piar
O araponga
Quebra o silêncio da mata
E as águas da cascata
Murmurando sem parar
Águas correntes
Rio de águas cristalinas
Que desaba lá de cima
E vai correndo para o mar
Veja seu moço
Meu sertão iluminado
Meu paraíso encantado
Que dá gosto a gente olhar
No pé da serra
Existe uma flor tiguera
E sorrindo ela espera
Ser a dona do meu lar
Que Deus me ajude
Vencer tudo nesta vida
Levo a minha preferida
Lá nos pés do seu altar