Seu Timiano encilha um mouro
Num galpão costa de mato
E canta meio abstrato
Uma valsi knha do Mendes
Enquanto o laço se prende
No aperto firme dos tento
A fumaça encontra o vento
Vem do palheiro entre os dentes
Uma mão pelo cabresto
Na outra o último mate
Cuidando do arremate
Do sol batendo na geada
A flor d’água congelada
Numa pocita barrenta
E a gralha meio alarmenta
Num Pinheiro empoleirada
Salta pra cima e se vai
No trono de um cochonilho
Num dia de pouco brilho
Entanguido e quase feio
Estala a braça do reio
Prum cusco que se amola
Do pala ergue a gola
Frouxa rédea pra o rodeio
Tem vaca escondendo cria
Nas macega da invernada
E a cura da terneirada
Se faz na ponta da trança
Cruz credo nunca se amansa
A vacagem do patrão
Aqui capataz é peão
Não floxa e as vezes cansa
Na serra que se criou
Nasceu aqui no Perau
Entre mato e pedregal
Conhece banhado e grota
Já varou o Rio Pelota
Com uma tropa de mula
Há tempos, inda era fula
Tropear a troco de nota
Tem um couro de urutu
Na volta do chapéu preto
Da história que conta ao neto
Do bote que se escapou
Homem que a vida moldou
Na estampa o negro Timiano
Mais um gaúcho serrano
Que o tempo enraizou