Eu fui entrando num fandango bem cuiúdo
No rancho do João Trançudo na costa do Fortaleza
Uma cordeona chorando que nem criança
E eu já fui abrindo cancha mandando embora a tristeza
Levei a prenda pra trotiar um pouco na sala
De bombacha, bota e pala e um chapéu velho tapeado
Ando pilchado porque honro a tradição
E as cores do Rio Grande no lenço deste peão
Lá pelas tantas o gaiteiro bem cansado
Me pediu que eu tocasse uma daquelas de patrão
Deixa pra mim, vou carcar uma bem campeira
De fazer levantar poeira e despregar as tábuas do chão
E a cordeona de goela aberta gritando
E a indiada firme dançando o xote e o vaneirão
Coisa mais linda um fandango bem lotado
E o povo pilchado batendo com os pés no chão
E desse jeito que eu animo uma noitada
Dessas bem abagualada que dá gosto de se ver
No Paraná e em Santa Catarina
Em toda a região sulina nos bailes de Ctg
Eu sou gaúcho e não afrouxo nem um tento
Sou a voz do próprio vento batendo num banhadal
Sempre levando a marca do meu Rio Grande
Em qualquer lugar que eu ande, interior ou capital