Por gosto, João corda feia,
Se desdobra bem assim,
Arremata e diz: ta pronto,
Garanto que não tem fim!
Com uma chairada na faca,
Da jeito noutro pedido,
Se no trançar não arrebenta,
Depois de pronto duvido.
Não faz corda pra bonito,
Faz pra doma e arrocino,
Deixa no mais o requinte,
Pra algum guasqueiro granfino.
Amansa um pouco a macete,
O resto o serviço sova,
E o que com o tempo se gasta,
Sebo de “oveia” renova.
Melhor sobrar do que falte,
Mede a palmo e ta bem feito,
Pois o rigor pouco a pouco,
Lhe aconselhou deste jeito.
Couro magro é bem mais forte
A qualquer tirão agüenta,
Couro gordo da sovado,
Mas facilita arrebenta.
João corda feia é guasqueiro
Ter outra função não pode,
Da uma “guspida” e golpeia,
E o tento que se acomode
Diz que “botão de laçada”
É o mais seguro que tem,
E basta um “corredor de cinco”
Desde que lhe aperte bem.
Aprendeu na obrigação,
A corda que requer a lida,
Pra o que serve e qual feitio,
Trançada, chata ou torcida.
E pelo o que facilita,
Se rebusca e ganha a vida,
Refrescando o que acomoda,
Numa estopa umedecida,
Algo assim tem seu valor,
Pelo que tanto conheço,
Embora custe o que cobre,
São garras que não tem preço.
Mesmo um tento pra ata o laço
Acredito que seja assim,
Feitio do João Corda Feia,
Garanto que não tem fim.