Eu pude ver a dor dentro de um olhar, olhar triste que vinha de um menino.
Pés descalços, roupa rasgada. Então me perguntei: A vida lhe reserva que destino?
Esse mesmo menino que bem sabe o que é fome eu descobri, não sabe o que é esperança.
Não espera por nada, não acredita em mais nada. Essa miséria já herdou de herança.
Esse menino cresce e cresce junto seu ódio. A dor não desaparece, viver não é o melhor negócio. Não, não, não, não.
Mas já que está vivo, vive pra matar ou pra morrer,tanto faz. Suas noites já são todas frias, todos os dias, dias tão iguais. Vagando por aí, vivendo sempre assim a espera do fim. Nada mais lhe resta. Quem sabe um dia desses, um tiro em sua testa.
Esse mesmo menino chamado de indigente trás em sua mente uma pergunta: Por quê?
Tem ódio desse sistema que só lhe condena, não pediu pra nascer, nasceu pra sofrer. Tente responder. Tente responder...
Por quê? Nascer pra sofrer.
Por quê? Nascer e não viver.
Por quê? Nascer pra sofrer.
Por quê? Nascer e não viver.
Esse menino cresce e cresce junto o seu ódio. A dor não desaparece. Viver não é o melhor negócio. Não, não, não, não.
Um indigente que nasceu nem sabe por quê, sente dor, sente frio, só não sente prazer. Mais um dia nasceu, o mesmo sol, o dia é igual. Nada muda, nada novo em sua vida real. Logo a noite cai e a lua trás um luar tão tristonho. Dormir no chão, fechar os olhos e sonhar sempre o mesmo sonho.
Por quê? Nascer pra sofrer.
Por quê? Nascer e não viver.
Por quê? Nascer pra sofrer.
Por quê? Nascer e não viver.
Por quê? (Esse menino cresce e cresce junto o seu ódio.) Nascer pra sofrer.
Por quê? (A dor não desaparece. Viver não é o melhor negócio.) Nascer e não viver.
Por quê? (Esse menino cresce e cresce junto o seu ódio.) Nascer pra sofrer.
Por quê? (A dor não desaparece. Viver não é o melhor negócio. Não, não, não, não, não, não, não, não) Nascer e não viver.