Andava pelo meu viver...
Idéias e amores se atracando:
Veio a noite dizer que o mundo é meu,
E o dia, escravo do trabalho, a me devorar.
Escuto o silêncio que diz
Que o vazio só me ronda porque eu calo;
Vem o samba dizer que é lindo sofrer de amor,
E o tempo diz “Corre, que a vida não é pra chorar!”
A casa diz “Fique”, o vento diz “Vá em frente”;
O prédio diz “Cresça”, a ave diz “Paz”;
A chuva me chama: “Vem se molhar, que amanhã de novo tem sol!”
Meu piano diz “Pra me tocar tem que me conhecer; estou em suas mãos!”
O asfalto diz “Cuidado, a vida é um risco”;
A lua diz “Ame!”
Mas como “ame”, se meu amor nem sei onde está¿
Não sei o que pensa, nem se me amará...
Então a pitangueira velha no quintal
Me contou assim:
“Tudo cresce, menina,
no solo do amor,
tudo que se planta dá;
se não der fruta doce e madura,
pra sempre a sombra fresca terás!”