meus olhos, a cor, o cheiro, e a voz que resvala veneno
de uma lingua cortada, o hálito doce esconde o furor
das presas ardis, e portas falam sobre coisas que não
sei. Folhas para cobrir meu corpo nu, e pó para
alimentar a serpente, começo minha trajetória de fardo
espresso no suor do semblante, acordar pode ser a senha
desta caixa.
Onde estarei se meu tudo é um detalhe a Seus olhos? A
quem apontarei meu juizo quando me chamar? Em vão
procuro um culpado quando só resta nós dois, e o sol
me destaca. As horas passam num piscar de olhos entre
meu dedos, e o espetáculo me fez cavar abismos entre
nós, risco negro, desfaz a união. A lua vem buscar
marcas perpétuas, linhas frias que regam o musgo das
lembranças, mas já estou de pé a andar sobre o
ponteiro solitário dos meus dias. Meus pés atavessam
vales em Deus, Amor lúcido a pairar no meu céu, de cá
dos muros espinhos tecem tapetes largos, lamina aguda
na carne, e meu sangue aduba o solo, de onde brotam
sorrisos que reaplandecem luz.