Numa noite fria de inverno nasceu o Gato da Madrugada
Sete vidas Deus lhe concedeu, oh... Gato da Madrugada!
Então na mesma noite tal felino foi abandonado
Que noite de azar, pois logo logo ele foi encontrado
Por uma menininha que por pura insensatez
Lhe jogou na geladeira mais ou menos por um mês
Então o gato viu a "Dona Morte" uma primeira vez
Por uma junta de veterinários foi descongelado
E quando abriu os olhos fugiu correndo apavorado
Se jogou da janela, por pura insensatez
Não viu que se encontrava no andar 23
Então o gato viu a "Dona Morte" uma segunda vez
Caiu na área do primeiro andar do edifício do lado
Vitinho então o encontrou, menino muito levado
Lhe jogou no micro-ondas, por pura insensatez
Acionou ajuste rápido e um sorriso prá vocês
Então o gato viu a "Dona Morte" uma terceira vez
Depois de explodir então retorna o gato azarado
Mas não em um lugar que se possa dizer privilegiado
Na casinha de um cão do tipo dinamarquês
Que não foi receptivo, que não foi muito cortês
O gato viu a cara da morte pela quarta vez
E o pobre do bichano sai correndo bem desatinado
E atravessou a rua em disparada sem olhar pro lado
Vinha um Chevette rosa com os bancos xadrez
E o mesmo destino novamente se fez
O gato viu a cara da morte pela quinta vez
Para aumentar ainda mais o azar do Gato da Madrugada
Passou sem perceber, a mil por hora
embaixo de uma escada
Quando despencando, com muita rapidez
Cai em cima do gato um piano inglês
O gato viu a cara da morte pela sexta vez
E o fim da nossa história então se dá de forma inusitada
O gato encontra um saco da branquinha, pura, refinada
O gato sorridente cheira tudo de uma vez
Morrendo de overdose e para sempre dessa vez
E a "Dona Morte" grita feliz: "... o gato é meu freguês"
Coitado do Gato da Madrugada