Vou, eu vou ir-me embora
Decidi-me agora
Ir-me de uma vez
Vou insultar a flora
Pisotear a amora
E esfregar na tez
Da vil chã que mora na litosfera
E se escora nela mês após mês
Vou resenhar a vida
Me jogar na grama
Como sempre quis
Vou perceber doída
E lamentar ferida
Como sempre fiz
Sonharei escondida de minhas dores
E puída serei muito feliz
Vou me banhar na chuva
Me queimar na praia
E ignorar quem sou
Vou procurar verdades
E enxergar maldades
Onde ainda não fui
Vou encontrar o mundo
Emancipar meus olhos
E ter mais amor
Vou compor sobre afetos
E os jargões prediletos não irão faltar
Vou abraçar crianças
Me entupir de pipoca junto ao Netflix
Vou falar besteiras
E pedir desculpas sem me arrepender
Vou ler teus poemas
Vou ler meus poemas e vou rir de nós
Vou tocar meia-Lua
Tocar escaleta e desafinar
Vou me imaginar mais alta
Vou me imaginar mais velha e quiçá agradecer
Vou sonhar contigo
Acordar com raiva e tomar café
Vou gravar um disco
Em 2048 (2043), você vai ver
Vou compor um hit
Odiar esse hit, vou me culpar
Vou, vou, vou