O navio ancorou no cais
Trazendo tanto sofrimento
Negros de Angola, negros de Guiné
Ai meu Deus quanto lamento
(Coro)
Foi arrancado de sua família, sem saber nem o porquê
O negro se perguntava o que eu fiz pra merecer
Tanta dor, tanta maldade, não me deram chance de escolher
Arrancaram minha liberdade, pai Oxalá onde anda você?
(Coro)
Acordava antes do sol, ia direto pra lida
Sem água, sem pão, sem dó, aquilo não era vida
A tardinha voltava do canavial, só trazia ódio e dor
Ainda ia pro tronco sentir o chicote do feitor
(Coro)
Negro sentia saudade da África tão amada
Onde ele era rei, tinha vida respeitada
Caçava, corria as matas, tomava banho de rio
Cultuava os orixás, não sentia fome nem frio
(Coro)
Um dia negro cansou de tamanha humilhação
Fugiu correndo pro mato, sem rumo sem direção
Assim nasceu o quilombo, o começo da vitória
Construída com suor, sangue, magia e glória.