Eu nasci no seio da roça
Bem no ventre do sertão
E me criei no roçado
Cuidando da plantação
Semeando a semente
Do centeio do pão
Num humilde lugarejo
Era um feliz sertanejo
Sempre lavrando o chão
Na roça eu era feliz
Pra vocês vou descrever
À noitinha na palhoça
Eu via a lua nascer
Com seu manto estrelado
Que jamais vou esquecer
Quando o dia clareava
No ribeirão eu pescava
Traíra para comer
Mas um dia o destino
A minha vida mudou
Transformando em desatino
E meu sonho acabou
Mudamos para a cidade
E tudo desmoronou
Deixei de sentir a relva
Para vim viver na selva
De cimento me restou
Eu moro em um barraco
No meio de tanta gente
Aqui é olho por olho
E também dente por dente
Eu não tenho formação
De estudo sou carente
Para tratar da família
Trabalho no dia a dia
Nas construções de servente
Vivo muito arrependido
De deixar minha raiz
Choro muito toda hora
Pela besteira que fiz
Sei que é minha missão
Assim o destino quis
E vivendo na cidade
Vou morrendo de saudade
E nunca mais fui feliz