Meu nome é Luciano,
Sou um cão selvagem.
Viajo esse país
Como se fosse os sete mares.
Eu sou peão,
Sou desse chão,
Do meu Brasil.
Quando sai de casa,
Dei um abraço no meu velho,
Um beijo na senhora,
Então parti.
E decidi
Não mais voltar.
Uma longa jornada,
Uma idéia na cabeça.
Mulheres de xerifes
Eu roubei,
Mas não amei,
Nem vou amar.
À noite quando deito,
Olho pras estrelas
E vejo minha sorte se esvair
Num furacão!
...
Olho pro meu país:
A miséria entrando em campo,
O time está derrotado,
Precisando de um comando.
Sinto no ar
O cheiro de podridão,
Crianças morrendo de fome
Implorando um pedaço de pão.
E dentro das igrejas
Senhoras estão rezando,
Enquanto em suas cabeças
As novelas estão passando.
Por todos os lugares
Eu vou encontrando
Belezas de um país
Que está desmoronando!
...
Chegando na cidade,
Vi um homem-meia-idade,
Que levou minha carteira
E pegou meu celular.
Correu pra todo lado,
Perdido, desesperado,
Procurando uma chance
Para poder se safar.
Seu filho que um dia te pedia alguma coisa pra comer,
Não foi paciente,
Não foi resistente.
Então parou, pensou: “o que que eu vou fazer?”
Pensou em trabalhar.
Pensou em estudar.
Decidiu que a melhor coisa era começar a roubar!
Esse é o retrato de um cotidiano:
Uma bala perdida atrapalhando os planos
De um menino que sonhava em se casar.
Um belo dia ele andava tranqüilamente pela central,
Quando de repente trombou com um marginal.
Era mais que amigo,
Era mais que irmão,
Era o seu pai
Implorando a salvação!
...
Luciano Motoqueiro,
Andando pela estrada.
Vivendo intensamente
A juventude que não se acaba.
Luciano Motoqueiro,
Andando pela estrada.
Vivendo intensamente
A juventude que não se acaba.
Luciano Motoqueiro
Vai ser assim pra sempre!
Luciano Motoqueiro
Vai ser assim pra sempre!